sábado, 17 de março de 2012

RIO CEARÁ MIRIM: O GRANDE BAQUIPE.

Recentemente fui ao rio Ceará-Mirim na companhia do amigo Lelo, da turma de meu filho Rafael – grupo de pesquisa e trabalho científico da UFRN, do curso de Biologia e do professor Sergio (UFRN) – o objetivo era a escolha de alguns pontos no rio, onde fosse possível coletar amostras de peixes para o estudo da diversidade e da influência de agentes poluentes na preservação das espécies.
Rafael Sobral, ( ? ), Lelo, Harryson e Prof. Sergio

Fiquei surpreso com o grau de poluição da bacia do Ceará-Mirim, onde registramos lixos acumulados nas margens do rio, esgotos sendo jogados no leito e a ausência de mata ciliar, tanto no Ceará-Mirim quanto nas margens de seus afluentes, provocando um enorme assoreamento.
Apesar de seu avançado estágio de poluição, muitos populares sobrevivem da pesca artesanal no rio, além de muitas crianças que o usam como balneário, fatos comprovados, quando visitamos a pequena barragem, abaixo da ponte da usina São Francisco.
Publicarei o artigo do professor Dr. Francisco Vitorino Junior, do livro Ceará-Mirim tradição, engenho e arte, edição SEBRAE/UFRN/Prefeitura de Ceará-Mirim – 2005, que discorre sobre o Rio Ceará-Mirim.


RIO CEARÁ MIRIM: O GRANDE BAQUIPE.
Francisco Vitorino de Andrade Júnior.


Rio Ceará-Mirim

Em decorrência da presença do povo tupi na região do Mato Grande, o rio que nasce na serra de Santa Rosa, localizada no município de Lages, recebeu a denominação de Baquipe, que significa Rio Pequeno.
O rio, ao contrário do que grande parte da população do município de Ceará Mirim pensa, não tem origem em uma nascente permanente. Suas águas se avolumam à medida que as chuvas, escassas na região do Cabugi, escoam pelos paredões da Serra de Santa Rosa, enegrecendo as pedras que testemunham a origem da vida de um recurso natural que representa a alegria de famílias de agricultores. Outras serras contribuem, em menor grau de importância, para o “nascer” do Baquipe, como as serras do Feiticeiro, Maniçoba e Bonfim.
No município de Pedra Preta recebe o nome de Rio Salgado ou Salgadinho, em decorrência do gosto insalubre das águas que permanecem sob seu leito seco, e que, em tempos de estiagem, surgem com facilidade a centímetros da superfície da terra, tão logo agricultores a escavam com mãos e “ferros”. Em tempos de chuvas o líquido precioso corre sobre um estreito leito, origem do diminutivo de seu nome. Nos períodos de inverno farto, suas águas fazem a alegria das populações de outras cidades, como João Câmara, Poço Branco, Bento Fernandes, Taipu, Ceará-Mirim e Extremoz.
A fartura e alegria trazidas pelas águas, no entanto, também ocasionam o paradoxo do Ceará-Mirim. As constantes inundações, ocorridas freqüentemente no grande vale, trazem destruição e consternação para famílias de agricultores que nele produzem e dele retiram seus víveres. Essas ricas terras se estendem desde Taipu, município onde a calha do seu leito se alarga e passa a formar o vale.
A cidade de Ceará Mirim é a mais atingida pelas constantes inundações, que decorrem, também, da ação humana. As plantações de cana-de-açúcar em vastas áreas, sem qualquer controle ambiental, degradou a mata ciliar e atlântica, provocando o assoreamento do leito do rio e a poluição de suas águas, processo que continua, na atualidade, provocado pela cultura do mamão. Além disso, o estuário do rio vem sendo gradativamente poluído pela instituição de outras atividades econômicas, em particular a criação de camarão em cativeiro.

Nascente do rio Água Azul - engenho Nascença

Contudo, o Ceará Mirim resiste às condições adversas, recebendo águas dos seus principais afluentes: Maceió (Diamante) e o Água Azul. Este “flui paralelamente ao Rio Ceará Mirim, no próprio vale, ao longo de mais de vinte quilômetros, como que relutasse a juntar-se ao coletor”. Citado por autores como Nilo Pereira e Júlio Gomes de Sena, o Água Azul, mais conhecido pela população cearamirinense por Rio Nascença (em conseqüência de suas fontes se localizarem na Fazenda Nascença) é o principal responsável pela perenidade do Ceará Mirim nas terras da cidade do mesmo nome.
Barragem no rio Ceará-Mirim - abaixo da usina São Francisco

Essa perenidade, estabelecida a partir do vale do Ceará Mirim, permite que o rio sobreviva, apesar das interferências do homem. Assim, depois de uma longa jornada, o grande Baquipe se encontra com o mar na praia de Barra do Rio, município de Extremoz, mantendo sua imponência. Em tempos áureos, em virtude de sua vazão, alguns faziam analogia entre o Ceará Mirim e o Nilo.

4 comentários:

  1. Oi Gibson.Por falar no rio Ceará-Mirim o primo
    Ricardo Sobral está organizando uma cavalgada pe-
    lo leito do referido rio da sua nascente em La-
    jes até a barragem de Poço Branco e daí por ou-
    tras vias até o Verde-Vale.Partiremos dia 28 de
    julho e chegaremos ao Ceará-Mirim dia 30 data
    comemorativa de aniversário da cidade.Cavalgada
    inédita!

    ResponderExcluir
  2. Oi Gibson.Por falar no rio Ceará-Mirim o primo
    Ricardo Sobral está organizando uma cavalgada pe-
    lo leito do referido rio da sua nascente em La-
    jes até a barragem de Poço Branco e daí por ou-
    tras vias até o Verde-Vale.Partiremos dia 28 de
    julho e chegaremos ao Ceará-Mirim dia 30 data
    comemorativa de aniversário da cidade.Cavalgada
    inédita!

    ResponderExcluir
  3. FINALMENTE, achei umas verdades sobre o rio de minha terra, isso é bom pra ver se a população toma vergonha e não o polui mais.

    ResponderExcluir
  4. já que vocês pretendem fazer uma cavalgada pelo rio ceará-mirim,seria muito importante que iniciasse à partir da represa da barragem localizada em poço branco. E ai tirem suas conclusoes acerca do desperdicio das aguas ja que se trata de um rio seco

    ResponderExcluir